23 de maio de 2017

Chegamos ao fundo do poço


 Cíntia Kelly*
Quando chegamos ao fundo do poço, a única alternativa é dar um impulso e sair dele. No Brasil, a coisa não está funcionando assim. Aqui, o buraco é mais embaixo, é um fosso sem fundo. A delação dos ‘irmãos Friboi’, Joesley e Wesley, do grupo J&F, deixou o brasileiro sem presente e com um horizonte sem luz.
Está absolutamente tudo no breu. Na hipótese de Michel Temer, que, segundo delação, deu aval ao pagamento de propina pelo silêncio de Eduardo Cunha, deixar a presidência, seja por impeachment, pela cassação via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou uma remotíssima renúncia, o que temos é recrudescimento da crise política, da representatividade política.
Uma linha sucessória envolvida em denúncia. Uma possível eleição indireta como votos de um Congresso Nacional também chafurdado na lama. O que nos resta, se não a desesperança? As reformas são urgentes, sobretudo a política, mas como esperar que esses parlamentares legislem endurecendo regras contra eles mesmos?
Enquanto isso o Brasil sangra. A economia reagiu de forma negativa a mais essa hecatombe. A Bovespa caiu 10%. A tendência é que os números da economia também despenquem.
Com o fim do sigilo da gravação que mostra Temer dizendo para Joesley comprar o silêncio de Cunha, que sabe mais coisa envolvendo políticos como o presidente da República do que sonha a nossa vã filosofia, a tendência é piorar. E muito.
Pode, inclusive, surgir aí a delação de Eduardo Cunha. Quem na República sobreviverá? Ele conseguiu com suas manipulações derruba Dilma. Pode, ao que tudo indica, também derrubar Temer. E quem mais surgir? Só o tempo dirá. E o tempo, por ora, está contra os brasileiros.

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