10 de junho de 2014

POLICIA PRA QUE POLICIA?

Polícia é o que realmente precisamos e de fato queremos?

Jornal do Brasil*Mônica Francisco
Uma amiga brincou dizendo que logo logo teremos um policial para cada um, ao reagir à minha frase de que o policiamento estava aumentado, óbvio, por causa da Copa do Mundo. Risos e pronto, logo vem os famosos pensamentos e que bom, eles alimentam esta coluna que vocês gentilmente fazem o favor de ler com toda benevolência inerente aos de bom coração.
A escalada do Estado policial se apresenta para nós de forma clara e palpável. Mas polícia é o que realmente precisamos e de fato queremos?
Esse  fetiche tem se traduzido de fato em algo prático?
Mônica Francisco
Mônica Francisco
A violência doméstica, praticada no contexto familiar não diminuiu, pelo contrário, em determinadas situações até aumentou e nem a lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, conseguiu erradicá-la. Segundo dados de uma pesquisa de agosto de 2013 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em alguns casos como citei, até houve um aumento. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) em São Paulo houve um crescimento de 10% comparando os primeiros semestres de 2012 e 2013.
Cerca de 54% das vítimas mortais foram mulheres entre 20 e 39 anos, e aproximadamente 31% dos casos ocorreram em via pública, sendo que metade dos homicídios foram concretizados com armas de fogo.
O encarceramento aumenta a olhos vistos e a nova população carcerária brasileira é de 715.655 presos. Os números apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a representantes dos tribunais de Justiça brasileiros, nesta quarta-feira (4/6), incluem também as 147.937 pessoas em prisão domiciliar.
Ou seja, não precisamos de mais polícia, precisamos de reformas estruturais que possam dar o mínimo de condição ao cidadãos e cidadãs brasileiras. Precisamos de uma saúde que nos atenda em nossa necessidade e não que  nos deixe sem saída para aquilo que temos de mais valioso, a vida.
Se reduz tudo ao contexto policial, como se esta fosse a panacéia para todos os males. Ainda somos em alguns casos o país do "prendo e arrebento". A inércia do Estado e da sociedade em relação aos viciados em crack, que logo foram reduzidos a mais um na lista das atribuições policiais, é um exemplo disso.
Corremos um sério risco com essa policialização do cotidiano. É como fechar cada vez mais os olhos para a tragédia que advém desta atitude. A impressão que tenho é que como em um filme cult destes de terror do tipo 'B', se é que existe essa classificação, uma bolha  monstro radiotiva vai crescendo ante a negação e omissão daqueles que poderiam contê-la e chegará a um ponto que nos engolirá a quase todos.
"A nossa luta é todo dia e toda hora. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"
*Representante da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.

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