23 de dezembro de 2015

UMA VERGONHA NACIONAL.

Com 20% da água doce do planeta, Brasil tem 1/5 da população sem água tratada

Para universalizar os serviços de saneamento seria preciso investir 300 bilhões de reais em 20 anos

Paulo Santos/AP
Esgoto
Um quinto dos brasileiros não recebe água tratada

O
itava economia do mundo e detentor de cerca de 20% da água doce do planeta, o Brasil ocupa uma das últimas posições emsaneamento básico.
Perto de 5 milhões de habitantes ainda não têm banheiro em casa. Só metade da população tem acesso à rede de coleta de esgoto, enquanto 61% dos resíduos, sem tratamento, são despejados diariamente em rios, lagos e outras áreas.
Um quinto dos brasileiros não recebe água tratada e 13% das casas dependem de açudes, caminhões-pipa ou mananciais nas proximidades. Para piorar, a escassez é um drama cada vez mais frequente no cotidiano das grandes cidades. 
Para universalizar os serviços de água e esgoto seriam necessários investimentos de cerca de 300 bilhões de reais em 20 anos, ou 15 bilhões anuais até 2033, como estabelece o Plano Nacional de Saneamento, meta considerada difícil de ser atingida até pela própria União, pois o investimento público e privado não passa de cerca de 10 bilhões de reais por ano.
Reverter o quadro exigirá a união de esforços entre governos e empresários, além da conscientização dos consumidores.
crise hídrica expôs os gargalos de abastecimento no País. A oferta é abundante na Região Norte, distante dos grandes centros consumidores do Sul e Sudeste, lembra o secretário nacional de Saneamento do Ministério das Cidades, Paulo Ferreira.
A racionalização do uso, equipamentos mais eficientes e a melhora da oferta ganham importância, assim como o planejamento urbano e a política de uso e ocupação do solo, segundo ele. Há outro problema: a população não enxerga a água como um bem escasso e que tende a se tornar vez mais caro. “É preciso que as concessionárias capturem esse sentimento da população”, destaca Ferreira.
Além da conscientização, será preciso ampliar os recursos destinados ao segmento. Depois de duas décadas de paralisia, os gastos com saneamento básico mudaram de patamar nos últimos dez anos. Em 2003, o volume de recursos aplicados chegou a 5,3 bilhões de reais, segundo estimativa da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, enquanto nos últimos dois anos chegou perto de 10 bilhões de reais, ainda aquém do necessário. 
RioTietê
61% dos dejetos não têm tratamento / Leandro Furini

 

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