26 de março de 2016

QUEIMA DE JUDAS: UMA TRADIÇÃO QUE RESISTE AO TEMPO EM LAURO DE FREITAS.



Manifestação folclórica realizada no Sábado de Aleluia, desde o período da colonização, a tradição da queima de Judas, mesmo com menor intensidade, ainda resiste ao tempo. Hoje, em vários pontos da cidade , populares se concentram nas praças para aguardar a leitura do testamento e punição do traidor de Jesus. Tudo é feito em meio a muita algazarra, pois o boneco sempre é inspirado em algum político ou alguém que seja mal visto na rua que acontece o evento.
De corpo magro, desengonçado e inexpressivo o boneco de pano tem a estatura de uma pessoa de 1,70m aproximadamente, e custa R$300. Recheado de fogos de artifício, o que promove grande show pirotécnico, Judas aguarda apenas a execução de sua sentença de morte que sempre acontece à meia noite quando enfim ele paga pelos pecados por trair Jesus Cristo com um beijo no rosto e em seguida o vender por trinta dinheiros.
A maioria dos bonecos de Judas fabricados em Salvador é de responsabilidade da família de Florentino Fogueteiro, falecido desde 2006 aos 85 anos de idade, artesão famoso por confeccionar fogos comemorativos tem sua arte ainda perpetuada graças a sua filha Ione Sales. Para ela, a queima de Judas é uma tradição que se mantém forte. "É bem verdade que no ano passado nossa produção foi maior, mas ainda é um trabalho que requer muita dedicação e por isso nos empenhamos desde dezembro para atender aos pedidos que começam logo cedo", disse a artesã.
Este ano, foram confeccionados 250 bonecos e até ontem, restavam uns poucos ‘gatos pingados’ a espera de algum retardatário que sempre aparece de última hora. A procura é sempre maior em época de eleição, mas como não é o caso, foi produzido apenas uma quantidade que seria certeza vender.
Maria Ivone  do Parque São Paulo,  revela que não faz bonecos caracterizados, mas sempre acontece uma brincadeira quando o cliente se depara com a encomenda, "olha parece com fulano, aquele de lá da rua". Essas brincadeiras já renderam muitas desavenças entre vizinhos. Foi o caso de Carlos da Silva, 45 anos que há dois não fala com seu amigo por conta da leitura de um testamento de malhação de Judas. Muito irritado, ele diz que não admitiu que um assunto de família fosse divulgado para todos na rua em forma de chacota. O motivo da zanga ele não quis contar, mas confessou ter ficado desapontado com a brincadeira.

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