Candidato a Deputado Federal pelo Estado da Bahia
1 – Criação da Comissão Nacional dos Direitos das Pessoas com
Deficiência
2- Criação da Lei que obriga a presença de um interprete de
LIBRAS em todas as etapas do processo de aquisição da Carteira Nacional de
Habilitação da pessoa surda
3- Implementação da 4ª proposta do Eixo Cidadania e Direitos
Culturais da Conferência Nacional de Cultura do ano de
2013, que trata da qualificação e implementação de políticas de acesso as
pessoas com deficiência com acessibilidade em todas as suas dimensões
4- Revisão da Lei 10.098/00 de Acessibilidade
5- Criação da Lei que estabelece a gratuidade para acompanhante
de pessoas com deficiência nos espaços de lazer
6- Reconhecimento das associações desportivas de surdo nas
Paraolimpíadas
UMA HISTÓRIA DE LUTAS
Surdez foi descoberta pelos pais antes mesmo de ele completar um ano: “Meus pais sofreram muito”
(Foto: Márcia Araújo)
Reconhecido na área educacional, sobretudo na instrução de deficientes auditivos, e engajado nas causas da comunidade surda há quarenta anos, o professor Milton Guimarães Bezerra Filho faz da superação sua característica marcante da sua trajetória de vida. Sempre venceu os obstáculos e, diante deles, percorreu um caminho de lutas, conquistas e vitórias.
Primogênito de uma família de cinco filhos, Professor Milton, como é chamado, nasceu em Salvador no dia 20 de novembro de 1956. Antes mesmo de completar um ano de idade, foi detectada sua surdez, porém ele nunca desistiu de superá-la. “Quando meus pais descobriram a minha surdez, sofreram muito. Minha mãe não esperava e meu pai não aceitava”, lembrou.
Iniciou seus estudos em 1964, na Escola Wilson Lins, especializada na educação de pessoas com deficiência auditiva, onde fez seus primeiros contatos com a comunidade surda. De acordo com ele, a educação é um processo social, podendo ser introduzida através do estímulo na família. “Meu pai lia muito jornal e revista, e me incentivou a gostar de ler”, disse.
Em julho de 1968, Milton e sua família se transferiram para o Rio de Janeiro a fim de oferecer-lhe melhores condições de ensino. Na Cidade Maravilhosa, estudou na Escola Santa Cecília, vocacionada para alunos surdos.
Ao retornar a Salvador, em 1975, foi matriculado na Associação de Foniatria da Bahia. Transferiu-se, posteriormente, para uma escola de ouvintes. Entretanto, a instituição não incluía em sua metodologia de ensino a língua brasileira de sinais (Libras). Em meio às dificuldades de comunicação para frequentar as aulas, conseguiu a façanha de completar o Ensino Médio.
“Quando os ouvintes se dispuserem a ouvir o que os surdos têm a lhes dizer, principalmente sobre sua comunicação e cultura, nós, surdos, nos tornaremos mais plenos e eficazes, possibilitando as mesmas oportunidades que os ouvintes”, declarou o professor, que é pós-graduado em Psicopedagogia.
No período em que exerceu a presidência do Cesba, do qual fora um dos criadores, o Professor Milton implantou o projeto Surdo e Sociedade
(Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Em defesa de sua comunidade
Seus familiares lhe proporcionaram condições de estudo diferenciado e, graças a esse feito, passou a defender os direitos da comunidade surda, já que a realidade dessas pessoas continua sendo discriminatória. Nessa perspectiva, Milton Bezerra Filho participou, em 2 de julho de 1979, da fundação do Centro de Surdos da Bahia (Cesba), do qual foi presidente, eleito por unanimidade para o quadriênio 1992-1995.
Seus familiares lhe proporcionaram condições de estudo diferenciado e, graças a esse feito, passou a defender os direitos da comunidade surda, já que a realidade dessas pessoas continua sendo discriminatória. Nessa perspectiva, Milton Bezerra Filho participou, em 2 de julho de 1979, da fundação do Centro de Surdos da Bahia (Cesba), do qual foi presidente, eleito por unanimidade para o quadriênio 1992-1995.
Nesse período, o Professor Milton implantou no Cesba o projeto Surdo e Sociedade, além de apoiar o projeto Surdos no Mercado de Trabalho, entre outros programas de valorização e incentivo às pessoas portadoras de deficiência auditiva.
“Apesar dos avanços legais e tecnológicos, a sensação que temos quando encontramos uma pessoa com deficiência são sentimentos e posturas de pesar, e o agente transformador dessa realidade será uma verdadeira mudança na educação. Novas concepções e algumas práticas estão emergindo no fazer de gestores e professores, mas ainda não se constituem como um todo homogêneo e sim multifacetado e em construção”, enfatizou.
Estimulou sua categoria social na prática de esportes, sendo um dos fundadores da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), em 1984 – quando exerceu o cargo de membro do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) –, da Confederação Sul-Americana Desportiva dos Surdos (Consudes), em 1985, e da Liga Nordestina Desportiva de Surdos (Lindes), entre outras realizações significativas.
Primeiro pedagogo surdo na Bahia, Milton também é um dos incentivadores do projeto Surdo É Cidadão, idealizado por sua esposa, a psicóloga Márcia Araújo. Contemplada no ano passado com o 5º Prêmio Servidor Cidadão, do governo do estado, no qual faturou o quarto lugar, a iniciativa promove a cidadania para as pessoas surdas e valoriza os aspectos culturais e identitários dessa minoria social.
Ao cursar Pedagogia em Educação Especial, o docente retornou um grande desejo de sua vida, a fim de trabalhar com a comunidade surda
(Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Um profissional dedicado
O itinerário profissional de Milton Bezerra Filho, um homem exemplar, corajoso e batalhador, se iniciou em 1981, quando foi admitido na Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb). Pelo fato de militar continuamente na luta pelos direitos dos surdos, ele sempre busca, junto à comunidade e à sociedade, o aprimoramento na implementação das políticas públicas direcionadas à sua área.
Em 1989, Milton recebeu da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (Feneis), no Rio de Janeiro, a primeira autorização para lecionar Libras. No ano 2000, realizou o sonho de ingressar no ensino superior, a princípio no curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas Ipitanga (Unibahia), em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, onde adquiriu novos horizontes.
No entanto, em 2001, ele ultrapassou mais um obstáculo. Teve a oportunidade de se mudar para outro curso, Pedagogia em Educação Especial – concluído em 2006 –, por ser compatível com sua maior bandeira de luta. “Retornei um grande sonho da minha vida: cursar o ensino superior para trabalhar com a comunidade surda, buscando desmistificar mitos e quebrar preconceitos”, salientou.
Mais duas relevantes vitórias foram alcançadas pelo professor naquele mesmo ano. A Feneis o indicou para participar do curso de instrutor de Libras, oferecido pelo Ministério da Educação (MEC), responsável por implementar políticas públicas nessa área. O MEC também o certificou como instrutor de Libras do estado da Bahia.
Acadêmico
Após terminar a graduação, Milton se tornou docente de Libras em diversas instituições de ensino superior, como a Faculdade Evangélica de Salvador (Facesa), na qual foi o primeiro professor surdo, e o Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), onde leciona atualmente em alguns cursos de graduação. Além da Unijorge, ele dá aulas nos cursos de pós-graduação da Associação Classista de Educação do Estado da Bahia (Aceb).
Professor Milton (o segundo, da esquerda para a direita) tem contribuído na conquista do passe livre no transporte coletivo intermunicipal
(Foto: Márcia Araújo – 15/12/2011)
Milton, também presidente do Centro de Estudos Culturais Linguísticos Surdos (Ceclis), é convidado para ministrar cursos de Libras e palestras inerentes à acessibilidade das pessoas surdas, além de participar de discussões que visam à implementação das leis pertinentes às questões que envolvem a educação dos surdos. “É com educação de qualidade, com profissionais treinados, que vamos tirar a pessoa com deficiência da obscuridade educacional”, destacou.
Por ter acumulado homenagens ao longo de sua trajetória, principalmente pela sua colaboração determinante junto à comunidade surda no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida e da educação, o professor é um militante determinado no intuito de fortalecer os direitos de sua categoria através de políticas públicas. Isso fará com que os direitos adquiridos sejam cumpridos, somados à redução do preconceito e da invisibilidade dentro da sociedade.
Conforme Milton Bezerra Filho, o maior desafio do surdo, indivíduo classificado como diferente e que enfrenta traumas e dificuldades peculiares, é combater o preconceito social. “A linguística do surdo é minoria. A maioria das pessoas em nossa sociedade não tem interesse em aprender uma linguagem complementar para uma melhor comunicação entre as partes”, afirmou.
Milton (à direita, ao lado da vereadora e candidata a deputada estadual Fabíola Mansur) se filiou ao PSB pelo fato de a legenda possuir projetos condizentes com seus ideais
(Foto: Reprodução/Facebook)
Engajando-se na política
Na qualidade de militante político, o Professor Milton herdou do pai, o falecido jornalista e advogado Milton Guimarães Bezerra, ex-diretor-geral do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e presidente do partido durante o golpe militar de 1964, duas de suas virtudes: a perseverança e a determinação para a construção de um futuro melhor.
Homem de ideias convincentes, filiou-se ao PSB por entender que a legenda possui princípios e compromissos condizentes com seus ideais. “Tenho vocação política e milito pela causa dos surdos desde 1974. Além disso, desenvolvo ações de formação política para surdos com o ideário socialista dentro do PSB”, justificou o docente, que concorre a uma vaga na Câmara dos Deputados nestas eleições.
A candidatura do Professor Milton, por representar o movimento das pessoas com deficiência, tem como propostas a luta pela criação da lei que assegura a presença de um intérprete de Libras em todas as etapas do processo de aquisição da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do surdo e da Comissão Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, entre outros projetos que lhes trarão benefícios.
“Chega de estar fazendo parte das construções. É necessário inserir uma representação no Poder Legislativo, assim como outros grupos já os têm. Eu tenho competência para representar as pessoas com deficiência nacionalmente e agora temos a real possibilidade de colocar um representante no poder”, esclareceu, acrescentando que é preciso se unir em prol da conquista dos direitos dessa minoria, considerada um objetivo supremo.
O ideal do candidato está centrado num compromisso forte e numa luta interminável. Por intermédio desses atributos, muitas pessoas defensoras da igualdade social se agregaram a Milton, a exemplo da senadora Lídice da Mata (PSB), candidata a governadora da Bahia, que o conhece desde os tempos em que atuaram nas mobilizações pelas ruas. Para ele, o fato de Lídice estar à frente do PSB baiano pesou na sua decisão partidária.
Várias pessoas se agregaram ao Professor Milton, como a senadora Lídice da Mata (à direita), que o conhece desde os movimentos de rua
(Foto: Márcia Araújo – 02/07/2014)
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