30 de junho de 2021

Placar 7 x 4 CPI DA COVID JÁ TEM RELATÓRIO PRONTO.

Placar 7 x 4

Por Adilson Fonseca*




A partida ainda está em curso, mas antes mesmo de começa-la, o placar já tinha sido definido: 7 x 4. E não adianta mostrar as inúmeras falhas e irregularidades cometidas pelos árbitros da partida e seus auxiliares, como pênaltis não-marcados, faltas inventadas, e não se permitir a entrada de novos jogadores em campo. Um circo de horrores digno das mais caricatas telas de pintura do artista espanhol, Salvador Dali i Domènech, Primeiro Marquês de Dalí de Púbol, conhecido mundialmente pelas telas surrealista, que combinavam imagens bizarras e oníricas, mas de qualidade e excelente plástica.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tinha como objetivo apurar possíveis omissões do Governo Federal e desvios de verbas federais por estados e municípios, perdeu toda noção de realidade. Um presidente (senador Omar Aziz) que não comanda, mas impede o contraditório. Um relator (senador Renan Calheiros) que não atenta para a realidade dos fatos, mas que de antemão já definiu o seu relatório e sentença, e onde o debate que deveria existir como princípio básico, é interrompido, porque o chamado G-7, o grupo majoritário dos 11 membros da CPI, tem como único objetivo derrubar o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Numa sucessão de bizarrices, e sendo histriônica na sua essência, a CPI da Pandemia se superou mais uma vez, na última sexta-feira, quando ali esteve para depor o deputado federal Luiz Miranda, e seu irmão, Luiz Ricardo, servidor do Ministério da Saúde. Com direito a se apoiarem mutuamente à cada indagação dos deputados governistas, e com a claque formada pelo G-7, que sem qualquer pudor interrompia tais questionamentos, sempre com a complacência explícita do presidente, a CPI afunda nas narrativas surreais, e cada vez mais demonstra uma intensa sanha persecutória.

Não há mais regras de conduta, ou mesmo respeito ao Regimento Interno do Senado, e não raro, à própria Constituição Brasileira. O que deveria ser uma ação investigatória do parlamento, virou um jogo de vale tudo, onde os interesses políticos eleitoreiros ficaram explícitos, e busca-se não mais investigar, mas fabricar provas e indícios de forma a incriminar desafetos. Réus e investigados e denunciados pela Polícia Federal, Ministério Público e processados no Supremo Tribunal Federal (STF), são tratados como espécies de heróis, porque usam como táticas de defesa, o ataque ao presidente Jair Bolsonaro. E fatos que deveriam ser investigados, são substituídos por narrativas ao bel prazer do chamado G-7.

A CPI da Covid 19 foi criada em 13 de abril e oficialmente instalada em 27 do mesmo mês, definida com um prazo de 90 dias para ser concluída, podendo ser prorrogada por mais três meses, em decisão do presidente, senador Omar Aziz. Tem 11 membros titulares e sete suplentes, com um total de 18 membros, dos quais apenas sete são de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Tem como relator o senador Renan Calheiros, do Estado de Alagoas, que responde a 13 processos por corrupção, desvio de dinheiro e formação de quadrilha, na Justiça Federal, incluindo o Supremo Tribunal Federal; e o presidente, senador Omar Aziz, cujos familiares também são investigados por desvios de recursos da saúde no Estado do Amazonas.

Criada com o objetivo de investigar as omissões do governo federal e a falta de oxigênio em Manaus, e também apurar irregularidades no uso dos recursos da União pelos estados, Distrito Federal e municípios, não ouviu e muito menos convocou um único governador, prefeitos e demais gestores púbicos, apesar da existência de dezenas de processos e inquéritos conduzidos pela Polícia Federal, Ministério Público e Controladoria Geral da União, que apontam desvios dessas verbas, que somam quase R$ 200 bilhões transferidos pelo Governo Federal a estados e municípios.

Ao contrário de uma partida de futebol, onde o placar só é definido em campo, no jogo de interesses em que se transformou a CPI, já não há qualquer hesitação em cravar o placar antecipado de 7x4, ainda que se tenha transcorrido 2/3 do tempo a ela estipulado. O score antecipado foi definido nos bastidores, antes mesmo de se começar a partida, com o Relator e o Presidente indicando quem deveria ou não entrar em campo, e como os gols deverão ser marcados, não importando de que forma, pois quaisquer que sejam, com ou sem o VAR, serão validados.

Sem objetivo investigativo, mas unicamente político eleitoreiro, a CPI é uma espiral de narrativas aberrativas, que desmoraliza o instrumento institucional para qual se criou as comissões de inquéritos. E com grupo majoritário avesso a quaisquer ações do Governo Federal, se auto destrói.

* Adilson Fonseca é Jornalista e escreve neste espaço às quartas-feiras
Fonte: Tribuna da Bahia

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