Twitter e Facebook suspenderam a conta do presidente americano
A decisão do Twitter de suspender permanentemente a conta de Trump na sexta-feira, “devido ao risco de mais incitamento à violência”, após a decisão do Facebook de banir o presidente pelo menos até o final do mandato, foi um divisor de águas na história das redes sociais. Ambas as empresas passaram anos defendendo a presença de Trump em suas plataformas, mas mudaram de ideia dias antes do final de sua presidência.
Não é nenhum mistério o motivo pelo qual os CEOs dessas empresas - Jack Dorsey, do Twitter, e Mark Zuckerberg, do Facebook - decidiram agir só agora. Há anos eles estão sob pressão para responsabilizar Trump, e essa pressão se intensificou enormemente na semana passada, quando todo mundo, de Michelle Obama aos próprios funcionários das empresas, pediram o banimento permanente na esteira do motim fatal de quarta-feira no Capitólio.
Essas empresas, verdadeiras autocracias corporativas mascaradas de minidemocracias, muitas vezes retratam suas decisões de moderação como resultados de uma espécie de processo formal, como se “não incitar uma multidão insurgente” estivesse o tempo todo lá nas diretrizes da comunidade. Mas deliberações de alto risco como estas geralmente se resumem a decisões instintivas, feitas sob extrema pressão. Neste caso, Dorsey e Zuckerberg avaliaram as evidências, consultaram suas equipes, ponderaram os prós e contras, calcularam os riscos de não fazer nada - entre eles a ameaça de uma revolta dos funcionários que poderia prejudicar sua chance de atrair os melhores talentos - e decidiram que era hora de dar um basta.
Jornalistas e historiadores vão passar anos desvendando a natureza improvisada desses banimentos e examinando por que eles só chegaram quando Trump já estava perdendo poder e os democratas estavam prestes a assumir o controle do Congresso e da Casa Branca. Os banimentos também aumentaram o fervilhante debate sobre a liberdade de expressão.
“Entendemos a vontade de suspendê-lo permanentemente agora”, escreveu Kate Ruane, advogada da American Civil Liberties Union, em comunicado na sexta-feira. “Mas todos devemos nos preocupar quando empresas como Facebook e Twitter exercem o poder irrestrito de remover pessoas de plataformas que se tornaram indispensáveis para a expressão de bilhões de pessoas - especialmente quando a realidade política deixa essas decisões mais fáceis”.
Fonte: Estadão Conteúdo
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