BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - De volta ao trabalho após duas semanas de confinamento por ter contraído o novo coronavírus, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) criticou nesta segunda-feira (11) o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por causa das declarações que o deputado fez sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no fim de semana.
No último sábado (9), Maia fez críticas contundentes a Bolsonaro nas redes sociais. Em meio às disputas pelo comando da Câmara e sobre a vacina contra a Covid-19, o deputado chamou Bolsonaro de covarde.
"Bolsonaro é covarde", escreveu Maia ao compartilhar uma notícia segundo a qual Bolsonaro teria culpado o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, pelo atraso da vacinação no Brasil.
Horas depois, em nova publicação, Maia escreveu: "Bolsonaro: 200 mil vidas perdidas até agora. Você tem culpa".
Ao jornal Folha de S.Paulo o presidente da Câmara foi além e afirmou que Bolsonaro é irresponsável. "Não podemos mais aceitar um ministro que não entende de saúde e um presidente irresponsável que nega o vírus."
"Todos estamos cansados disso, desse negacionismo e dessa irresponsabilidade. Está na hora de uma reação forte de todos nós, brasileiros, contra a irresponsabilidade do governo", afirmou Maia.
Para Mourão, estas são declarações "fora de propósito" e que "não contribuem nem constroem nada".
"Nitidamente, ele está perdendo a mão. Parece que este final de período dele aí de cinco anos [na verdade, 4 anos e meio] como presidente da Câmara está mexendo com a cabeça dele", disse Hamilton Mourão em entrevista à Rádio Gaúcha.
Conforme publicou a Folha de S.Paulo, apesar de Maia ter subido o tom contra Bolsonaro, a abertura de um processo de impeachment do presidente da República está descartada. Os cerca de 60 pedidos já feitos, contudo, não deverão ser arquivados. Ficarão na gaveta à espera do próximo chefe da Casa.
Antes de falar à rádio, Mourão disse, ao chegar à Vice-Presidência, que será necessário ter uma boa relação com quem quer que venha a ser eleito presidente da Câmara e do Senado.
"Acho que, em qualquer hipótese, o governo tem que ter uma boa conexão com a Câmara e o Senado, no sentido da gente conseguir aprovar aí o que é necessário para o país poder avançar", disse Mourão.
"Precisamos trabalhar forte esse ano. Na minha visão, os dois que estão candidatos hoje, se você for analisar, em mais de 90% dos votaram com o governo, os dois", disse referindo-se aos deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL).
Na entrevista à rádio, Mourão também criticou a postura do governador João Doria (PSDB-SP), afirmando que ele "avançou o sinal" na disputa política criada em torno da vacinação contra Covid-19.
O vice-presidente foi indagado sobre a invasão do Congresso dos Estados Unidos por apoiadores do presidente Donald Trump. Mourão disse que foi uma "manifestação violenta", mas, fazendo uma retrospectiva de episódios ocorridos ao longo da história americana, disse que "nada me surpreende quando acontecimentos desta natureza acontecem nos Estados Unidos.
Sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que, sem voto impresso, a situação no Brasil seria pior em 2022, Mourão disse não acreditar em manifestações. Em sintonia com o presidente, Mourão afirmou que é a favor do voto impresso no Brasil.
"Na minha visão de cidadão, não vejo nenhum problema que, na hora que eu digitar meus numerozinhos lá na urna, saia um boleto, como você, quando vai lá no banco e digita no terminal eletrônico, e aquele boleto você coloca numa urna do lado, de modo que, depois, poderia haver uma conferência. Não vejo nenhum problema nisso aí", disse Mourão.
O vice-presidente também condenou a decisão do Twitter de banir Trump permanentemente.
"Acho que é antidemocrático isso aí. Acho que o Mark Zuckerberg não é eleito para nada, ele não tem o direito de cassar a palavra de ninguém", afirmou Mourão, para quem "só a Justiça poderia fazer isso"
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