Não se concebe que o governo do Estado suspenda a operação dos trens do Subúrbio dentro do objetivo supostamente nobre de construir em seu lugar um moderno VLT, propagado como a quinta maravilha do mundo, sem oferecer à população pobre da região uma alternativa de transporte com tarifa ao menos assemelhada.
Com efeito, deixar as pessoas à própria sorte, às voltas com uma passagem de quase R$ 5, quando estavam habituadas a pagar R$ 0,50 para se deslocar por um percurso que usam para trabalhar é, no mínimo, uma perversidade. Não são necessários grandes cálculos para deduzir que o impacto no custo de suas vidas será devastador.
O que mais espanta, no entanto, é que a maldade esteja sendo perpetrada por uma gestão petista, supostamente popular e preocupada com o social, como quem é do partido e seus governos não cansam de alardear. Justifica-se, portanto, que a iniciativa tenha levado desconfiança ao Ministério Público Estadual.
Não bastasse a demonstração de desconsideração pela população pobre, que terá que pagar por passagens igualmente elevadas quando o VLT estiver operando, sem que se tenha promovido qualquer melhoria em suas condições econômicas e financeiras, anuncia-se que o governo alterou o modelo inicialmente planejado por um outro.
No futuro modal, serão abolidos, por exemplo, os trilhos, daí a mudança de Veículo Leve sobre Trilhos para Veículo Leve de Transporte, um verdadeiro ativo em qualquer lugar do mundo, para colocar em seu lugar um verdadeiro colchão de concreto sobre o qual circularão veículos mais parecidos com ônibus do que trens.
Pelo porte da construção civil, não se espera de empreiteiras e outras empresas que deverão se escalar para o empreendimento mais do que aquele famoso olho gordo, tradicional em obras nacionais. O erro de se ofertar à população, supostamente em seu favor, algo que ela não pode custear, entretanto, não será apagado pela história.
Fonte: Política Livre
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