15 de março de 2021

Racha no Novo vai além de conflitos por impeachment e oposição a Bolsonaro

 


Fundado pelo financista João Amoêdo e por mais 180 apoiadores sem experiência política, o Novo completava 10 anos de vida.


Foto: Reprodução


O dia 12 de fevereiro de 2021 tinha tudo para ser comemorado com pompa pelo partido Novo. Fundado pelo financista João Amoêdo e por mais 180 apoiadores sem experiência política, para lutar pelo liberalismo econômico e pela moralização da vida pública, o Novo completava 10 anos de vida.

Mesmo com um desempenho que deixou a desejar no pleito municipal de 2020, no qual elegeu apenas 29 vereadores e um prefeito (Joinville-SC) em todo o País, e com uma queda de 15% no número de filiados no ano passado, de 48.429 para 41.218, não faltavam motivos para celebrar a data.

Único partido a não usar recursos dos pagadores de impostos para sobreviver e financiar as suas campanhas, o Novo tem, hoje, além dos representantes municipais, o governador de Minas Gerais, 8 deputados federais, 12 deputados estaduais e um deputado distrital.

Em 2018, nas eleições para a Presidência, as primeiras que o Novo disputou, Amoêdo ficou em quinto lugar, com quase 2,7 milhões de votos, o equivalente a 2,5% do total, à frente de nomes tarimbados, como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), a ex-senadora Marina Silva (Rede), o senador Álvaro Dias (Podemos) e o ativista Guilherme Boulos (PSOL).

Mas, exceto por um comunicado oficial no site do partido e algumas manifestações acanhadas nas redes sociais, o aniversário que marcava a primeira década de atividade do partido passou praticamente em branco – e não só por causa das restrições impostas pela pandemia. O Novo vive uma guerra fratricida e a sua maior crise desde a fundação, em 2011. "O partido passa por um momento delicado, muito delicado", diz um dos principais doadores do Novo, que prefere se manter na sombra.

De um lado, está Amoêdo, que ficou sem função na direção partidária depois de ter renunciado à presidência, em março de 2020, para, segundo ele, "ter mais disponibilidade de tempo", "mostrar que o Novo não depende só de uma pessoa" e "ter um pouco mais de liberdade" para expor as suas posições, sem que elas tenham uma conotação institucional. Do outro, estão os políticos do partido, aí incluídos o governador de Minas, Romeu Zema, a bancada federal e a maior parte de seus deputados estaduais e vereadores.

Nas últimas semanas, o conflito entre os dois grupos se acirrou, levando a uma polarização tóxica de lideranças, filiados e simpatizantes da legenda. As divergências chegaram a tal ponto que, de acordo com informações obtidas pelo Estadão, Amoêdo praticamente não fala com Zema, principal mandatário do partido, nem com os deputados federais da legenda, a não ser por uma ou outra mensagem protocolar via WhatsApp.

Fonte: Estadão Conteúdo

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