O infarto do miocárdio ou doença isquêmica do coração, é um problema recorrente no país e causa 300 mil infartos por ano
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Hoje é o Dia Mundial do Coração e uma das maiores preocupações é com a rapidez no atendimento, fator fundamental para salvar vidas. No Brasil, o indivíduo perde até duas horas para efetuar o contato inicial com o médico, depois de sentir algum sintoma. O problema é que, a cada meia hora que se atrasa para atender a vítima, o índice de mortalidade aumenta em 7%.- Vinho e chás, sozinhos, não conseguem ajudar o coração
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E você? Saberia reconhecer os sintomas do infarto na hora em que ele acontece? O que faria? A primeira pista de que está havendo o problema é uma dor intensa no centro do peito, irradiando para a mandíbula, pescoço, ombros e braços, principalmente o esquerdo. Mas há outros, que, inclusive, podem ser confundidos com outros sintomas. E é aí que mora o perigo.
“Estava dormindo e acordei passando mal do estômago, com azia e dores. Levantei-me e acabei vomitando. Voltei para a cama e minha mulher, que é muito preocupada, disse que ia me levar ao hospital. Falei que estava tudo bem, que as dores e o mal-estar já estavam passando. Ela insistiu e, para evitar confusão, fui. Chegando lá, o médico disse que eu estava tendo um infarto”, conta o administrador de empresas belo-horizontino Francisco Norberto Resende Moreira, de 64, que teve o colapso há cerca de 10 anos. “Correram comigo para a sala de operação e quando acordei, horas mais tarde, eles já tinham feito todo o processo e colocado um stent. Ainda bem que não precisei de ponte de safena”, continua.
“Quando o corpo ‘falar’ é sinal de que o coração está em alerta, por isso, procure socorro imediatamente”, alerta Marcelo Cantarelli. O médico explica que o infarto do miocárdio é consequência da obstrução de uma artéria coronária por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura, impossibilitando que uma quantidade suficiente de sangue chegue até aquela área do músculo cardíaco. A região sofre um processo de morte celular e necrose, podendo levar à morte súbita ou à insuficiência cardíaca.
Cantarelli salienta que o infarto pode ser classificado de acordo com a parede do coração que está sendo comprometida; anterior, inferior, lateral, dorsal. É chamado de extenso, quando grande área é afetada devido ao entupimento de uma artéria coronária importante; transmural, quando afeta completamente a espessura da parede, ou subendocárdico, quando não afeta toda a espessura. Há ainda a denominação fulminante, para aqueles que provocam a morte de forma mais rápida, antes do atendimento médico adequado.
Há casos em que a dor não chega a ser intensa, principalmente em mulheres, idosos e diabéticos. Caso não seja tratado adequadamente, ou seja, desentupida a artéria que está provocando o infarto nas primeiras horas a partir do início dos sintomas, as consequências podem ser: parada cardíaca, arritmias cardíacas, ruptura de uma parede do coração ou da válvula mitral, enfraquecimento do coração (insuficiência cardíaca), falência circulatória (choque cardiogênico) e morte.
O diagnóstico é feito inicialmente por meio de um simples eletrocardiograma, que deve ser interpretado rapidamente. O tratamento é feito através do desentupimento da artéria coronária que está provocando o infarto, explica o cardiologista.
Há duas maneiras de tratar: por meio da injeção na veia de uma medicação trombolítica, para dissolver o coágulo na artéria, ou por angioplastia coronária, que é fazer a abertura mecânica da artéria por meio do cateterismo cardíaco. Nesse procedimento, um pequeno balão é insuflado no local da obstrução, abrindo a passagem de sangue, e uma prótese de metal (stent), como uma molinha, é implantada para evitar que a artéria se feche novamente.
Não era o estômago Nascida na cidade paulista de Avaré, a professora aposentada Helle Nice d’ Paschoal, hoje com 78 anos, conta que sofreu um infarto em plena Avenida Paulista, na capital. Ela lembra que, no momento do infarto, estava indo para o trabalho, quando sentiu uma dor incômoda no estômago. “A dor começou a aumentar muito e todos achando que era um problema estomacal”, conta. De novo, a confusão de sintomas. “Pouco depois tive uma vertigem e, quando dei por mim, já estava dentro de uma ambulância, sentindo muita dor. De repente, não vi mais nada e só fui acordar na UTI, já com a angioplastia feita e o stent instalado.”
Helle, na época com 62 anos, trabalhava, fumava muito e comia mal. Depois de uma separação traumática, emagreceu muito e se tornou estressada, dedicando muito tempo da vida ao trabalho, que se tornou uma fuga. “Na época, trabalhava na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo. Acredito que o que me infartou foram o cigarro, a má alimentação e o excesso de trabalho. Ia para o serviço às 5h e voltava 21h e 22h.”
Tanto Helle quanto Francisco Norberto modificaram os hábitos de vida. “Larguei o cigarro, me aposentei, passei a me alimentar melhor e a fazer exercícios. Hoje me sinto ótima e olha que lá se foram 16 anos. É preciso que as pessoas se cuidem, façam exercícios, evitem o estresse e se alimentem bem”, recomenda ela.
Francisco fumava um maço e meio de cigarros por dia e era sedentário. “Além disso, não fazia nenhuma dieta e me alimentava mal, com carnes gordurosas, frituras… Engraçado é, que dias antes, estava me sentindo um pouco cansado e com uma certa cãibra na mão esquerda. Talvez isso já pudesse ser um aviso para que procurasse um cardiologista. Minha sorte é que tudo ocorreu a tempo de chegar rápido ao hospital, pois moro perto deste. De lá pra cá, não senti mais nada e todo ano faço um checkup para ver se está tudo bem.”
Campanha
A Coração Alerta, desde 2012, vem conseguindo reduzir as mortes por infarto no país. O objetivo da campanha, promovida pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), é alertar a população sobre a importância de identificar os sinais e sintomas do infarto, assim como do rápido atendimento e também de se conhecer os fatores de riscos para o aparecimento da doença.
Cruz Vermelha/BH
O Centro de Treinamento de Socorrismo Formação Prática e Teórica da Cruz Vermelha BH, localizado na Alameda Ezequiel Dias, 427, Santa Efigênia, telefone (31) 3239-4200, já capacitou mais de 16 mil pessoas no curso básico de socorro e resgate. O próximo curso será realizado de 20/10 a 24/10. É oferecido de forma parcialmente gratuita, sendo que o participante contribui apenas com uma taxa simbólica para fornecimento do Manual de Socorro e manutenção dos materiais para práticas simuladas. Mais informações: www.cvbmg.org.br
O que fazer?
- Ao ver alguém que apresente esses sintomas por mais de 10 minutos, não perca tempo: procure socorro urgente.
- Enquanto a ajuda médica não vem, é preciso agir e o mais indicado é tranquilizar e aquecer a vítima. Salvo orientações médicas, não lhe dê nada de comer ou beber.
- Desde que a pessoa não apresente dificuldades para engolir e não seja alérgica, dê-lhe três pequenos comprimidos de 100mg de ácido acetil salicílico (AAS ou aspirina), que ajuda a dissolver coágulos sanguíneos. Se a vítima desmaiar, verifique sua respiração e seu pulso.
- Na ausência de sinais vitais, comece imediatamente os procedimentos de recuperação cardiopulmonar (massagem cardíaca) e chame o serviço de emergência (192).
Massagem cardíaca
- Com o indivíduo deitado, coloque as mãos sobre seu peito, entre os mamilos.
- Com os braços esticados, empurre as suas mãos com força, utilizando o peso do seu próprio corpo, contando, no mínimo, dois empurrões por segundo até a chegada do serviço de resgate. É importante deixar que o tórax do paciente volte à posição normal entre cada empurrão.
- Caso tenha mais de uma pessoa para ajudar, reveze com ela a cada dois minutos. É muito importante não interromper as compressões. Assim, se a primeira pessoa se cansar, a outra assume continuando com as compressões, no mesmo ritmo. A massagem cardíaca deve ser interrompida apenas com a chegada do resgate ao local.
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